No mês em que ocorreu o dia internacional das mulheres, quero refletir a Carta Apostólica de João Paulo II sobre a mulher e sua vocação – Mulieris Dignitatem – Dignidade da Mulher. Não é triste pensar que são necessárias leis, um dia, políticas públicas, movimentos, para a sociedade valorizar e respeitar a mulher?(O mesmo ocorre com idosos, crianças,etc.). A mulher deve ser respeitada simplesmente por ser um ser – cidadã e filha de Deus – e ainda mais amada pelo seu chamado principal: a mulher representa um valor particular como pessoa humana e, ao mesmo tempo, como pessoa concreta, pelo fato da sua feminilidade [...]ela é aquela na qual a ordem do amor no mundo criado das pessoas encontra um terreno para deitar a sua primeira raiz¹, ou seja, o primeiro contato com o amor que o ser humano tem é através da mãe-mulher.
No entanto, ninguém sabe amar se nunca foi amado. Por isso, faz parte da identidade da mulher devido à sua feminilidade ser amada primeiramente, para, por sua vez, amar. A dignidade da mulher está intimamente ligada com o amor que ela recebe pelo próprio fato da sua feminilidade e também com o amor que ela, por sua vez, doa¹. Além de ser amada por Deus, pela sua família, pelo seu esposo, a sociedade também tem o dever de amar a mulher, pois é ela, o berço da sociedade. Entretanto, há tempos que se promove uma cultura de que amar a mulher é igualá-la ou torná-la mais que o homem, o que abafa sua feminilidade, e não a valoriza pelo o que ela é. Feminilidade, segundo o dicionário Aurélio, é Qualidade, caráter, modo de ser, de viver, de pensar, próprio da mulher. Homens e mulheres devem ter direitos iguais, mas não são iguais na sua natureza, e isso é belo: serem diferentes e se completarem. Como diz diácono Nelsinho Corrêa: “Diferenças não são barreiras, são riquezas”.
A sociedade e a mulher, com o passar do tempo que o sexo feminino foi deixando de exercer sua vocação e sua feminilidade, na mesma proporção, foram ficando sem sentido e sem identidade. À medida que a mulher foi saindo de casa para trabalhar, deixando seus filhos na creche das 7h às 19h, cada vez mais, seus filhos – a nova geração - foram ficando sem referências e sem amor maternal, o que ocasionou a nossa juventude de hoje, que preenche o seu vazio com drogas, violência, e relacionamentos descartáveis. Já a mulher, agredindo, desde o seu corpo, com roupas cada vez mais masculinas, até seu psíquico, quando, mesmo sendo um ser sensível e dócil, tem que encarar o mundo de maneira fria e calculista, foi perdendo sua essência e se auto-flagelando. A mulher não pode se encontrar a si mesma senão doando amor aos outros¹.
Há clínicas psicológicas em Caxias do Sul que tratam da depressão, síndrome de pânico,e outras doenças no sexo femino, através do resgate da feminilidade dessas mulheres. No entanto, o mais contraditório na nossa sociedade,é que, a mesma cidade que promove um tratamento eficaz para a mulher, também permite que a torne um objeto de prazer e comércio humano através da prostituição: Um levantamento realizado pelo Pioneiro durante duas semanas aponta pelo menos 30 endereços, somente na área central, onde o favorecimento à prostituição de mulheres é explícito. Onde está o Ministério Público, Polícia Civil, Brigada Militar e Fundação de Assistência Social, que, recentemente, em uma megaoperação, desarticulou uma suposta rede que explorava travestis em Caxias?
A mulher é forte pela consciência de sua missão, forte pelo fato de que Deus lhe confia o homem, sempre e em todos os casos, até nas condições de discriminação social em que ela se possa encontrar. Esta consciência e esta vocação fundamental falam à mulher da dignidade que ela recebe de Deus mesmo, e isto a torna forte e consolida a sua vocação[...]tal como saíram do coração de Deus, com toda a beleza e riqueza da sua feminilidade; tal como foram abraçadas pelo seu amor eterno; tal como, juntamente com o homem, são peregrinas sobre a terra, que é, no tempo, a pátria dos homens e se transforma, às vezes, num vale de lágrimas ; tal como assumem, juntamente com o homem, uma comum responsabilidade pela sorte da humanidade, segundo as necessidades cotidianas e segundo os destinos definitivos que a família humana tem no próprio Deus, no seio da inefável Trindade.¹
¹ Carta apostólica de João Paulo II MULIERIS DIGNITATEM – 15 de agosto de 1988 – por ocasião do ano Mariano.