quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Fámília: Patrimônio da Humanidade




   Há algum tempo notei que existe uma moda que está “colando” nas ruas caxienses: adesivo dos integrantes da família colado no carro. Essa moda não está só em Caxias, surgiu em Santa Catarina,e já viaja pelo Brasil inteiro. O interessante que,ao conversar com as pessoas que o utilizam,esclarecem que não o utilizam por ser tendência, mas sim fazem uso do adesivo para mostrar à sociedade o quanto valorizam sua família.
   Nessas manifestações individuais podemos perceber que há a formação de um movimento (não organizado) de resgate à instituição familiar. Mesmo que a mídia, ideologias, políticas, coloquem que é uma estrutura social retrógrada que não acompanha mais o indivíduo do século XXI, o ser humano precisa da família. Aristóteles fala que o ser humano é um ser social, e João Paulo II o complementa colocando que “o homem é essencialmente um ser social; com maior razão, pode-se dizer que é um ser "familiar"”. A família não faz parte só da sociedade, como muitos afirmam, mas faz parte também, e principalmente, do ser humano, pois é a sua primeira referência de convívio social e de vivência de valores.
   Percebe-se que quanto mais a base familiar (pai, mãe e filho) é alterada e fragmentada, mais o ser humano sofre com seus conflitos internos, o que o torna cada vez mais solitário, individualista e materialista. Fatores esses que fazem das doenças psíquicas, depressão e pânico, as síndromes do nosso século. ‘Quanto mais o homem afasta-se de sua família, mais se afasta de si mesmo. ’  

   Não vivemos uma época de mudanças, mas uma mudança de época, em que as relações e o modo de vivê-las estão em constante transformação. No entanto, para que as pessoas possam continuar vivendo em sociedade, e a sociedade possa desenvolver-se em um ambiente de paz, é necessária a preservação da entidade familiar. Cito João Paulo II novamente, pois afirma que “a família porta consigo o futuro da sociedade; seu papel especialíssimo é o de contribuir eficazmente para um futuro de paz”. 
   Não se pode reduzir a família a uma simples estrutura do capitalismo, pois ela guarda consigo a essência do ser humano, e é devido a esse fato que devemos considerá-la um patrimônio da humanidade, não a deixando suscetível às mudanças do sistema.
   Se sua família, embora com dificuldades e defeitos, continua unida, não se esqueça de tombá-la. Uma maneira de tombamento*, além de usar o adesivo de sua família no carro, é cuidar de seus pais, zelar pelos seus irmãos, e promover os valores bons vividos entre vocês.


*Segundo Wikipédia, o tombamento é o ato de reconhecimento do valor cultural de um bem, que o transforma em patrimônio oficial, levando-se em conta sua função social.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Para que(m) serve o teu conhecimento?



   Senti necessidade de questionar isso depois do meu texto anterior. Em uma aula de sociologia,meu professor fez essa pergunta.
Inicialmente coloquei que a função do meu conhecimento é servir a sociedade.No entanto, tornei-me contraditória,pois muitas vezes defendi a opção por uma Universidade Federal pela qualidade,pela gratuidade,mas também pelo nome de uma federal no currículo. Que tipo de profissional seria para os outros, se visei na educação acadêmica um título, e não a formação para ser melhor naquilo que faço? Se é para prestar serviços,não posso esperar que o nome de uma faculdade e um diploma tornem-me uma prossional, preciso tornar-me uma a partir de estudo e trabalho.
   Serve para sustento financeiro?Quando Jesus coloca 'Buscai primeiro o reino de Deus E a sua justiça'(Mat6,33),Ele nos manda fazer justiça entre os homens tanto quanto aspirar o Céu e seus valores. Justiça é plantar,para colher, estudar,para saber,trabalhar,para receber. Mas há ações que o conhecimento instiga que devem pesar mais que o retorno financeiro. Exemplifico com a minha futura profissão:o jornalista pode fazer da informação um produto, desumanizando a notícia, e desrespeitando a população. No entanto, ele é chamado a mudar realidades,e não escrever o que lhe dará mais vantagens. Como diz Alberto Dines, “a sociedade é maior do que o mercado. O leitor não é consumidor,mas cidadão.Jornalismo é serviço público,não espetáculo.”
   Realização pessoal? Janela para ver o mundo? Príncipio da dignidade humana?Acho que o conhecimento pode ser tudo isso sim,mas se torna vão quando não está a serviço do próximo. Já o vimos quando,distorcido, serviu como instrumento de manipulação de um povo (nazismo,facismo,e mais alguns ismos), entretanto,poderemos observá-lo servindo como desenvolvimento de uma nação (reforma educacional no Brasil). O saber pode enriquecer,ou empobrecer,matar,ou fazer viver,mudar,ou deixar imutável, silenciar,ou inquietar,depende da intenção do ser humano e de sua resposta à pergunta: para que(m) serve meu conhecimento?

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Releitura da educação pública, por uma vestibulanda

   Após gastar 4 dias das minhas férias e um bocado de neurônios no vestibular da UFRGS, quero falar sobre a educação pública brasileira;ainda mais que hoje saiu o resultado do ENEM 2010.
  Um dos maiores motivos da grande procura das Universidades Federais, além de que elas são pagas pelo governo(ou seja,por nós), é também a qualidade de ensino que nelas são oferecidas. O Ensino Superior tem muito mais credibilidade quando é de uma federal,de modo que ele frequentemente desbanca as faculdades particulares. No entanto, como o principal problema da educação brasileira está na base, no deficitário Ensino público Fundamental e Médio, gerava-se um ciclo de desigualdade sócio-econômico: percebia-se que a maioria dos alunos que ingressavam na faculdade federal eram de escolas particulares,que podiam pagar faculdades privadas mas optavam pela qualidade das federais,do que de alunos de escolas públicas,que não faziam Ensino Superior por não terem recursos.
   Em vista de mudar as regras do jogo, o governo colocou as cotas para Ensino Público,de forma que de um curso com 50 vagas,8 são para alunos de escolas públicas,8 para negros,e as restantes para acesso universal. Essa solução tornou mais frequente o ingresso de alunos de escola pública,no entanto, gerou uma grande migração de alunos de escolas particulares para escolas públicas em busca de cotas, e não de qualidade de Ensino. O governo visava nessa migração tornar igual o ensino básico, mas a desigualdade persistiu,pois o ensino continuou precário, e os alunos que possuem recursos,além de contar com as cotas,investem em cursos preparatórios para o vestibular. Então, fica evidente que a educação pública brasileira só será efetivamente igual e digna quando o Ensino Básico Público acompanhar a credibilidade e qualidade das Universidades Federais,o que poderá tornar até mais justo o processo de seleção que não se baseará mais numa única prova,mas no rendimento da vida escolar do aluno.
   Fiz quatro tipo de processos de seleção este ano:o enem,e os vestibulares da UFRGS,de uma universidade particular conhecida,e de uma pequena faculdade. Sem dúvida,o vestibular mais dificil foi o da UFRGS. Um fator que percebi entre a Ufrgs e o Enem,é que na Ufrgs não tinha nenhuma questão do tipo 'assinale as incorretas',onde já no Enem haviam inúmeras dessas. Esse tipo de questão tem o objetivo de tirar o aluno pela desatenção,e não por quanto sabe da questão, o que mostra que a prova da Ufrgs,e de outras federais, realmente visam selecionar alunos que possuem conhecimento. O Enem busca promover igualdade social e regional com os tipos de questões,as quais selecionam mais alunos que dialoguem com o mundo do que aqueles que simplesmente têm o conteúdo do Ensino Médio,e por isso algumas universidades federais estão o adotando como único meio de ingresso através do SISU. O problema não está na idéia do Enem,mas como ele tem sido feito: muitas questões extensas,com pouco tempo para fazê-las,e os erros na formulação da prova que tiram a confiança dos alunos no Enem.
   Enfim, o Brasil vive um progresso econômico,mas a educação não acompanha, o que nos torna ainda países subdesenvolvidos. Mudanças estão acontecendo, com o Enem, as cotas, o Sistema de Seleção Unificado(SISU), que ainda são tentativas de acertar. Acertaremos quando o objetivo da reforma educacional não for só combater a desigualdade sócio-econômica,mas sim, quando o foco das mudanças for a promoção da dignidade humana através da educação.
  Bom,depois de tanta prova, é hora de largar o lápis,arregassar as mangas e trabalhar.