Quanto mais coisas temos... Mais temos que cuidá-las, guardá-las, arrumá-las. Mais temos que procurá-las. Mais temos que achar lugar para elas. Mais coisas para guardar coisas. Mais temos coisas para combinar com coisas e usar com coisas. Mais precisamos de coisas. Mais chances de termos coisas roubadas. Mais temos coisas para perder. Mais temos contas das coisas. Mais temos chances de ter coisas que o vizinho não tem. Mais coisas para quebrar... e para consertar. Mais temos coisas para perder tempo. Mais temos coisas para ocupar tempo. E movidos por tantas coisas, e por ter mais coisas, o que fazemos se tornam coisas. O que produzimos se tornam coisas. O que lemos se tornam coisas. O que escrevemos se tornam coisas. Nosso conhecimento se torna coisa para fazer outras coisas. Precisamos de coisas para realizar outras coisas. E movidos por tantas coisas, e para ter mais coisas, nossos relacionamentos podem nos dar mais coisas. Eles viram coisas. Coisas para cuidar, mas para nos dar coisas. E se as coisas servem para tantas coisas... as pessoas viram coisas. Elas nos oferecem muitas coisas. E os momentos com elas se tornam coisas. E nós nos tornamos coisas. Nosso corpo torna-se uma coisa, com coisas para modificar. Mais as coisas ocupam nosso tempo. E mais precisamos das coisas para ficarmos ocupados.
Mais temos medo de ficar só com as coisas. E o medo se torna coisa que pode ir embora com outras coisas. E o que sentimos viram coisas para conseguirmos ficar bem com as coisas.
Mas as coisas são só...coisas. E quanta coisa a gente perdeu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário